A resistência, como meio de apresentar, no texto literário, os dilemas enfrentados e superados por personagens são recorrentes na tradição constística da escritora moçambicana Lília Momplé. Este trabalho destaca como essa temática em torno da resistência associada à condição feminina se aplica nos contos ‘’O baile de Celina’’ e ‘’O sonho de Alima’’, duas narrativas que fazem parte da pequena (porém, significativa) obra da autora. Focaremos como a figura da mulher é de suma importância para o trabalho de desconstrução de certas associações que comumente direcionam às mulheres africanas de língua portuguesa. A discussão inicia-se com uma explanação sobre a aplicabilidade da Lei 10.639/03, no contexto de ensino, bem como os saberes necessários ao professor para a condução do debate envolvendo o trabalho com o conto moçambicano na sala de aula. Fundamentando-se no conceito de Saberes Docentes formulado por Maurice Tardif, apresentar-se-á uma reflexão em torno das situações coloniais e pós-coloniais em que as personagens Celina e Alima passam nas respectivas narrativas que protagonizam. Utilizar-se-á, também, da Memória, cujo embasamento recorreremos à Maria Fernanda Afonso, crítica literária que discorre sobre o papel e a importância da memória para produções de Moçambique, como recuso de construção e entendimento da condição social de ambas as personagens, contribuindo, assim, com as reflexões que serão apresentadas. Ressalta-se o espaço dado à produção de Lília Momplé e da literatura moçambicana no ambiente escolar, enfatizando a pouca visibilidade que produções de autoria feminina possuem na sala de aula e nas formações dos alunos e do professor.