A presença de distúrbios psiquiátricos e emocionais durante a velhice é frequente, embora a população idosa seja tão vulnerável a esses distúrbios quanto os mais jovens. Para estes tratamentos, infere-se sobre o emprego de psicofármacos no tratamento, definidos como aqueles que atuam no sistema nervoso e produzem alterações no comportamento e humor. Estudos nacionais apontam o consumo frequente destes medicamentos entre usuários de CAPS, bem como na população idosa brasileira. Frente ao exposto, o presente estudo teve como objetivo verificar o perfil do tratamento medicamentoso com psicofármacos de idosos atendidos em um CAPS. Trata-se de estudo com delineamento transversal, descritivo e documental realizado entre maio a junho 2016 em um CAPS II de um município do Noroeste do Rio Grande do Sul. Participaram do estudo todos os usuários atendidos no referido CAPS, com idosos, idade igual ou superior a 60 anos. A coleta de dados foi realizada pelo acesso direto aos prontuários dos usuários, por meio de um instrumento de coleta de dados. Para a classificação dos medicamentos identificados foram utilizados o terceiro e quinto nível da Anatomical Therapeutic Chemical Classification System (ATC). A presente pesquisa respeitou os preceitos éticos preconizados para pesquisa com seres humanos com aprovação no Comitê de Ética e Pesquisa sob nº 1.566.532/2016. No CAPS adulto, 82 usuários (18,3%) eram idosos, com idade média de 65,2±4,9 (IC 95% 64,1 – 66,2) anos. Entre as características demográficas prevaleceram o sexo feminino (52 – 63,4%), com escolaridade inferior a oito anos (58– 84,1%) e vivendo sem companheiro (44 – 55%). Dos participantes, 81 (98,8%) faziam uso de psicofármacos, destes 78 (96,3%) estavam em uso associado de dois ou mais medicamentos que atuam sobre o sistema nervoso. A média de psicofármacos em uso foi de 3,30±1,27 medicamentos/usuários. Conforme a classificação ATC os grupos terapêuticos mais frequentes foram os antipisicóticos (96 – 35,5%) e antidepressivos (76 – 27,9%). Entre os medicamentos a clorpromazina (37 – 13,7%) e fluoxetina (31 – 11,4%). A depressão foi o transtorno psiquiátrico mais frequente, diagnóstico de 26 (31,7%) dos idosos, seguido por transtorno de humor (17 – 20,7%) e esquizofrenia (12 – 14,6%), entre outros. Evidenciou-se um elevado consumo de psicofármacos entre os idosos em tratamento do CAPS II, destaca-se a importância do acompanhamento do tratamento na população idosa, especialmente daqueles que atuam sobre o sistema nervoso, pois podem estar relacionados a ocorrência de efeitos adversos, que podem repercutir sobre as condições e qualidade de vida nesta população.