Resumo: O presente trabalho objetivou descrever o uso de plantas da caatinga na confecção de artesanatos em quatro municípios do semiárido brasileiro, além de analisar o contexto socioeconômico e cultural da atividade artesanal, visando à preservação da arte e da biodiversidade. A pesquisa foi realizada em quatro Municípios circunvizinhos; Coronel Ezequiel e Jaçanã (Rio Grande do Norte), e Cuité e Nova Floresta (Paraíba). Para a localização dos artesãos foi utilizada a técnica de bola-de-neve (snowball sampling). A coleta de dados foi realizada por meio de entrevistas semiestruturada, complementadas por observação participante. No total 10 artesãos foram entrevistados, 30% do gênero feminino e 70% do gênero masculino com idades entre 41 á 74 anos. Por meio das entrevistas foi constatado o uso total de 19 espécies de plantas utilizadas na confecção de peças artesanais. Constatou-se a elaboração de 22 tipos de artesanatos, dentre as espécies utilizadas na produção artesanal o agave (Agave sisalana) e o mucunã (Dioclea grandiflora) apresentaram uma maior diversidade de formas de uso. Quanto ao status de conservação a espécie que apresentou risco de extinção foi apenas o Pau-brasil (Paubrasilia echinata). Os entrevistados demonstraram no decorrer da pesquisa, certa preocupação quanto à conservação de muitas das espécies por eles usadas, relataram que não são mais tão comuns como eram no passado, apontaram as ações antrópicas como principal causa dessa problemática. Muitos relataram uma desvalorização e falta de reconhecimento do seu trabalho por parte dos consumidores. É marcante também, a necessidade de organizarem melhor em associações e grupos de artesãos que visem buscar melhores condições e políticas públicas de incentivo e reconhecimento desse ofício. O uso de medidas conservacionistas na região é urgente, em vista que foi citado que boa parte dessas espécies está diminuindo, ocasionando não só uma perda na biodiversidade como também da arte e cultura regional.