A intervenção da Educação Física nos cenários do Sistema Único de Saúde (SUS) ainda carece de discussões para sua qualificação profissional. O objetivo do estudo foi identificar e analisar as publicações sobre as experiências realizadas pela Educação Física no SUS, na região sudeste do Brasil. O método adotado foi a pesquisa de levantamento. Os dados foram coletados a partir de um espaço virtual, a “Comunidade de práticas”, que disponibiliza relatos de experiências realizadas por profissionais do SUS em todo o Brasil. No momento da pesquisa, o banco de dados contava com 7.619 relatos. Como critérios de busca, utilizamos o termo “educação física” e ativamos o filtro de dados pela categoria “Intersetorialidade e Promoção da Saúde”. Foram encontrados 298 resultados. Observamos a seguinte distribuição dos relatos por regiões do país: centro-oeste (n=18); norte (n=33); sudeste (n=54); sul (n=59); nordeste (n=116). Para a análise, selecionamos 12 das 54 publicações da região sudeste. Foram excluídos 42 relatos em que não foi identificada a atuação de profissionais de Educação Física. Os temas abordados pelas propostas foram saúde da criança e do adolescente (n=3), promoção da saúde (n=3), emagrecimento/obesidade (n=2), controle e prevenção de doenças (n=2), saúde do idoso (n=1) e avaliação da capacidade funcional (n=1). Dentre os cenários de desenvolvimento, verificamos que a maioria ocorreu no âmbito das unidades básicas de saúde (UBS). As propostas descritas visavam principalmente à adoção de um estilo de vida saudável. As ações realizadas se concentraram em quatro eixos: orientação de atividade física/práticas corporais (dança, alongamento, exercícios para equilíbrio, caminhada, esportes, jogos, hidroginástica e dinâmicas de grupo); diagnóstico (avaliação antropométrica e da capacidade funcional); atividades educativas (rodas de conversa, palestras e capacitação de novos agentes); eventos (passeios, campanhas e comemorações). Os principais desafios apontados pelos profissionais se referiram à falta de estrutura física, de recursos financeiros e humanos nas UBS, à captação de usuários, à adesão dos adolescentes e ao trabalho multiprofissional. A partir das experiências analisadas, foi possível perceber que os profissionais de Educação Física focam suas ações no combate ao sedentarismo e no controle de peso, fornecendo indícios de uma abordagem biomédica. Concluímos que a Educação Física pouco tem explorado as suas potencialidades enquanto tecnologia do cuidado e produção de saúde.
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