Esta pesquisa envolve um conjunto de habitantes e de usuários de um local conhecido como Fazenda Saco, localizada há três quilômetros do centro urbano do Município de Serra Talhada, Sertão do Pajeú, Estado de Pernambuco. O atual proprietário da Fazenda Saco é o governo do Estado de Pernambuco, o qual estabeleceu no local a Estação experimental Lauro Ramos Bezerra, a cargo do Instituto Agronômico de Pernambuco, IPA. A área da Fazenda Saco é de 3.200 hectares os quais permaneceram contínuos como área do IPA até 1984, quando ocorreu o início do parcelamento da Fazenda, implicando em uma maneira nova de apropriação de um espaço geográfico importante em termos de preservação ambiental e sustentabilidade. Representa uma alteração no espaço físico, envolvendo processos e conflitos sociais, ou as relações sociais, políticas e econômicas que as pessoas estabelecem entre si e delas com o espaço. Em termos sociais, as mudanças exigem negociação e planejamento, além da incorporação dos novos objetos, descobertos pela ciência ou criados tecnicamente por meio do trabalho do ser humano. Concebeu-se assim, para o presente trabalho, a necessidade de articulação entre os grupos sociais presentes na Fazenda Saco. Visualizou-se ainda, a necessidade de estabelecer representações desses grupos. Encontram-se atualmente no perímetro da Fazenda Saco diversas instituições: federais, municipais e privadas, e um conjunto de mais de cem famílias habitando no local. Inicialmente, tornou-se necessário conhecer a identidade desta comunidade. Pouco se sabia a respeito da situação dessa população no início dessa pesquisa e esse conhecimento é o que ora se apresenta. Esta comunidade habita o entorno do Parque Estadual Mata da Pimenteira, cujo plano de manejo aponta para a necessidade de estudos mais aprofundados, visando estratégias de integração dessas pessoas com o seu meio ambiente, de maneira a possibilitar atividades de conservação do meio físico e natural, ao mesmo tempo em que possibilite atender de certa forma as próprias necessidades da população, incluindo aí interesses econômicos. Há necessidade de preservação ambiental e isso deve envolver o respeito e a cooperação entre as comunidades que habitam o local e as instituições que aí permanecem. Fundamentada nestes valores, foi realizada uma observação participante o que permitiu recolher dados sobre a identidade autoatribuída pelos moradores, incluindo a forma como se relacionam, suas relações de parentesco e atividades econômicas. Considerou-se que, antes de qualquer coisa, os moradores precisam ter uma visão de si mesmos, do ambiente em que vivem, de conhecerem formas de cuidar do meio ambiente e, sobretudo, de tornarem-se autônomos enquanto Comunidade.