O presente trabalho apresenta inicialmente desafio de ordem ético-política: como lidar com as representações da tolerância cultural diante da promoção dos bens (materiais e imateriais) a patrimônio religioso? O núcleo da presente discussão reside na construção de uma metodologia exploratória, capaz de ampliar as tipologias desse processo de modelagem de um bem religioso. Optou-se, para a fundamentação metodológica da pesquisa, a escolha de 13 unidades federativas brasileiras (NE/SE) considerando como parâmetro o tradicional peso devocional das festividades marianas nas capitais para delinear o campo imagético-simbólico do lugar, demarcando uma observação, a priori, através dos principais midiáticos. Dessa forma desenvolveu-se um estudo qualitativo e articulado, estruturado a partir de uma atualização bibliográfica sobre patrimônio imaterial religioso, seguido de um acompanhamento dos festejos religiosos na capital cearense e cidades circunvizinhas. Realizou-se também um levantamento midiático das festas nas demais capitais (NE/SE) formulando uma tipologia do patrimônio festivo das festas marianas, conforme a leitura de tolerância cultural. Merece destaque a coleta de dados – imagens, vídeos e notícias – das festividades religiosas das 13 capitais postas em relevo observando o diálogo entre o patrimônio imaterial religioso e verificação dos desafios e estratégias da tolerância cultural. Como resultados principais pode-se destacar a compreensão da articulação das três estratégias de irradiação devocional (midiatização, turistificação e carnavalização) frente à gestão político-geográfica do patrimônio religioso (santuários marianos), nos estados do NE e SE, e, por extensão, elaborou-se referências metodológicas ao planejamento comunicacional de municípios-santuário, conforme a consolidação de um banco de dados e imagens virtuais.