A importância do estudo da família Boraginaceae deve-se não apenas à sua grande riqueza de espécies e complexidade taxonômica, mas também pelo fato de apresentar grande potencial medicinal. O gênero Varronia, um dos maiores e mais importante da família Boraginaceae e é representado por cerca de 250 espécies, muitas das quais são usadas na medicina popular, por apresentarem diversas propriedades farmacológicas como: antiúlcera, antimicrobiana, antifúngica, larvicida, anti-inflamatória e analgésica. Dentro do gênero Varronia, a espécie V. leucocephala (Moric.) J.S. Mill, popularmente conhecida como moleque-duro se destaca pelo seu potencial bioativo. Nessa espécie, endêmica da Caatinga, predominam arbusto bastante ramificados com folhas ásperas e finamente serreadas. Seus ramos são lenhosos e rígidos, motivo pelo qual deu-se o nome popular moleque duro à espécie. As flores brancas se agrupam, formando cachos no final dos ramos que lembram um buquê de noiva, cuja beleza singular revela o potencial ornamental da espécie. Cascas, sementes e raízes têm sido extraídas, muitas vezes sem a preocupação com a manutenção ou reposição dos estoques naturais. Portanto, estudos sobre a propagação de espécies é imprescindível, sobretudo daquelas que se destacam pela sua importância medicinal, como a V. leucocephala. Essa espécie possui grandes dificuldades na propagação vegetativa por estacas, provavelmente devido a fatores intrínsecos da própria espécie. Portanto, esse trabalho teve como objetivo estabelecer protocolos de enraizamento utilizando-se ácido indolbutírico (IBA) associado com os elementos minerais B e Zn. O trabalho foi conduzido em casa de vegetação e no Laboratório de Cultura de Tecidos Vegetais (LCTV), da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte, Mossoró-RN. O material vegetal (estacas) foi coletado em zona rural, na cidade de Mossoró – RN. Estacas de V. leucocephala foram imersas em água e deixadas em repouso por 24 horas e após esse período, a água foi substituída por solução auxínica contendo 100 mg L-1 de B ou Zn, por 10 minutos. Foi avaliada a auxina ácido indolbutírico (IBA) em diferentes concentrações (1,5; 15; 150 e 1500 mg L-1), associadas ou não a 100 mg L-1 de fonte de B ou Zn. As estacas foram avaliadas ao final de 90 dias, nas seguintes variáveis: Volume radicular (VR), matéria seca do caule (MSC), matéria seca da parte aérea (MSPA), matéria Seca da raiz (MSR), teor relativo de água (TRA) e porcentagem de enraizamento (PE). O tratamento que proporcionou melhor resultado foi com 1500 mg.L-1 IBA/100 mg.L-1 zinco, resultando em maior VR e PE. O tratamento com 1500 mg. L-1 IBA/100 mg. L-1 de boro, proporcionou um valor próximo do tratamento com 1500 mg. L-1 IBA/100 mg. L-1 de zinco na variável VR. Os resultados encontrados neste trabalho permitem concluir que a concentração de 1500 mg. L-1 do hormônio IBA associado com 100 mg. L-1 de Zinco é o tratamento mais indicado para propagação vegetativa de estacas caulinares de Varronia leucocephala.