Diante do aumento do número de idosos no país e no mundo, e do consequente processo de mudança do perfil epidemiológico populacional, o atendimento em saúde para esse grupo etário deveria apresentar um olhar mais dinâmico sobre o próprio processo de envelhecimento, e suas consequências naturais, como também sobre as morbidades mais frequentes. Dentre estas, tem-se o Acidente Vascular Cerebral (AVC) que se encontra entre os fatores de risco da velhice que culminam na morte ou incapacidade funcional. Nesse sentido, o presente estudo tem o objetivo de apresentar as diferenças da capacidade funcional entre idosos que apresentaram AVC e os que não foram acometidos. Para isso, foi realizado um estudo caso-controle, com idosos com idade superior a 60 anos, escolhidos aleatoriamente, cujo grupo caso possuía 30 idosos que apresentavam AVC em fase crônica; e o grupo controle iguais 30 idosos que não apresentavam a condição de saúde supracitada. Foram incluídos os participantes com funções mentais preservadas e os dados foram obtidos através da utilização de um questionário estruturado, da Escala de Katz e da Escala de Lawton. Na amostra, observou-se que no grupo caso 60% dos idosos são do gênero feminino, com idade média de 72 anos (DP=6), 80% não permanecem sozinhos ao longo do dia e 67% necessitam de alguns cuidados realizados. Quanto à morbidade referida, 93% apresentam alguma outra doença crônica, além do AVC, sendo a hipertensão (em 80% dos idosos) e a diabetes (em 30% do grupo) as patologias mais citadas. No que diz respeito ao instrumento que avalia as ABVDs o escore médio foi de 4,1±2,1, indicando dependência parcial dos idosos desse grupo, e para as AIVDs, obteve-se o escore médio de 18,8±5,5, o que também indica dependência parcial dos mesmos. No grupo controle, 73% dos idosos são do gênero feminino, com idade média de 71 anos (DP=6), 70% não permanecem sozinhos ao longo do dia e 77% não necessitam de auxílio na realização de seus cuidados diários. Quanto à morbidade referida, 73% apresentam alguma doença crônica, sendo a hipertensão (em 60% dos idosos) e as doenças músculo-esqueléticas (em 40% do grupo) as patologias mais citadas. Em relação ao instrumento que avalia as ABVDs, o escore médio foi de 5,9±0,6, indicando dependência parcial desses idosos, todavia próximo do escore de classificação para independência, e quanto às AIVDs, obteve-se o escore médio de 25,0±3,2, o que indica dependência parcial dos mesmos. Conforme indicado, os idosos acometidos pelo AVC apresentaram um déficit maior em capacidade funcional, o que exige uma maior necessidade por cuidados diários. Sabe-se, também, que o próprio processo de senescência pode levar ao déficit na capacidade funcional, interferindo na capacidade funcional de ambos os grupos. Desta forma, verifica-se a importância de lançar um olhar sobre os prejuízos nas AIVDs e ABVDs, tendo em vista as consequências negativas dos mesmos para com a saúde e qualidade de vida dos idosos sendo essencial o desenvolvimento de novas pesquisas e de estratégias de saúde que avaliem o idoso de forma integral.