No Brasil há uma grande diversidade vegetal. As plantas possuem grande importância na indústria farmacêutica, já que delas são obtidas substâncias ativas, utilizadas no desenvolvimento de novos fármacos, obtenção adjuvantes, e também na elaboração de medicamentos fitoterápicos. O gênero Spondias é composto por cerca de 20 espécies, que são distribuídas em regiões tropicais. É o segundo gênero mais importante no Brasil, tendo algumas espécies com ampla ocorrência na Região Nordeste e importante utilização na medicina popular. Estudos fitoquímicos realizados com determinadas espécies do gênero Spondias mostram que estas são ricas em metabólitos secundários, em especial taninos, alcaloides e compostos fenólicos, comprovando o seu potencial para importantes atividades biológicas. Estudos com Spondias mangifera demonstraram atividade gastroprotetora, antidiarreica, antimicrobiana e tratamento da dor articular reumática e muscular; Spondias pinnata apresenta atividade antioxidante; pesquisas com Spondia purpurea L. mostram atividades antimicrobiana, antioxidante, antidiarreica e gastroprotetora. Atualmente há um grande número de medicamentos convencionais disponíveis no mercado, destinados ao controle e cura das mais diversas enfermidades, entretanto, sua utilização prolongada pode levar efeitos adversos graves ao paciente. Por este motivo, há uma grande necessidade de se pesquisar tratamentos mais eficazes e seguros, com menos efeitos colaterais. Muitos compostos são descobertos a partir da avaliação do potencial terapêutico de plantas medicinais, possuindo ação farmacológica, muitas vezes, superior à fornecida por medicamentos convencionais. Apesar do uso crescente, as plantas têm seu uso baseado essencialmente em conhecimentos populares, faltando evidências que comprovem seu potencial terapêutico, mecanismo de ação e toxicidade. Dito isso, foi realizado, na Universidade Estadual da Paraíba, o ensaio toxicológico pré-clínico agudo em animais de experimentação (ratos Wistar e camundongos Swiss), dos extratos etanólicos de três espécies do gênero Spondias, sendo elas: S. purpurea, S. tuberosa, S. mombin. Estes foram obtidos a partir das folhas, as quais após secagem e pulverização, foram submetidas à maceração exaustiva com etanol 95%. As soluções etanólicas foram, então, filtradas e concentradas, resultando nos extratos etanólico brutos. Incialmente, em cada ensaio após jejum de 12 horas, os animais foram divididos em quatro grupos, onde dois destes recebiam por via oral o extrato etanólico (2000mg/kg) da espécie determinada e os demais, o veículo (10 ml/kg). Após isso, ficavam em observação por um período de 14 dias, com a finalidade de avaliar a segurança do uso terapêutico dos referidos extratos. Substâncias que apresentam a Dose letal de 50% maior que 2000 mg/kg, quando administradas por via oral, são consideradas praticamente não tóxicas ou de baixa toxicidade. Os resultados foram bastante promissores, mostrando que não houveram sinais de toxicidade. Ou seja, os extratos das três espécies estudadas não causaram alterações estatisticamente significativas no peso dos animais, de seus órgãos, no consumo de ração e água, como também, nem uma alteração comportamental importante. Isto confirma a baixa toxicidade das mesmas, o que torna possível a realização de testes para estudo de possíveis atividades farmacológicas e, futuramente, o isolamento de substâncias ativas provenientes das espécies utilizadas ou o desenvolvimento de medicamentos fitoterápicos.