Os deltas são ambientes suscetíveis a mudanças ambientais, sendo, por isso, considerados 'hot spots' de vulnerabilidade às mudanças climáticas. Mesmo na ausência dessas mudanças, muitos deltas já tiveram sua resiliência comprometida pela magnitude das intervenções humanas, como a construção de barragens ao longo dos rios e o desmatamento das cabeceiras de drenagem. Em termos geomorfológicos, os deltas dominados por ondas são formados por cristas de praia e estas atuam como 'laboratórios' para investigações paleoambientais, registrando condições específicas de clima, ondas e variações no nível do mar na planície deltaica, fornecendo insights para o estudo evolutivo dos ambientes costeiros. No caso do delta do rio Paraíba do Sul, que apresenta uma planície de 20 km de extensão, há a possibilidade de realizar uma análise robusta das condições paleoambientais pretéritas. Desta forma, o objetivo principal deste trabalho é interpretar a evolução deltaica do rio Paraíba do Sul, correlacionando-a com os processos modernos que têm afetado a linha de costa nas últimas décadas. A análise geomorfológica foi realizada através da interpretação de um MDT obtido por LIDAR, que caracteriza um truncamento erosivo correspondente aos últimos 2 mil anos. A geocronologia foi determinada por meio do método de Luminescência Opticamente Estimulada. Os dados iniciais indicam uma evolução da planície associada a truncamentos erosivos, com um aumento significativo na ocorrência desses eventos nos últimos 2 mil anos.