O avanço na discussão das mudanças climáticas e da probabilidade de ocorrência de extremos pluviométricos estão intimamente pautados em discursos políticos acerca dos componentes naturais e seus desdobramentos no espaço urbano. Nesse contexto, o clima é entendido como recurso, mas a repercussão de sua variabilidade e intensidade dos eventos ocorrem de forma espacialmente diferenciada, evidenciando a importância da leitura dos extremos e a deflagração de processos como inundações e deslizamentos, sob um óptica geográfica. Angra dos Reis, enquanto cidade marcada por episódios de chuvas extremas e por uma diversidade de atores sociais, econômicos e políticos em sua estruturação dão a complexidade na gestão dos riscos e da vulnerabilidade. Nesse sentido, esse trabalho objetiva compreender as percepções de distintos membros da sociedade angrense frente ao impacto dos extremos pluviométricos e seus efeitos adversos. Trata-se de uma análise exploratória inicial, a partir de documentos oficiais e entrevistas coligidas. Foi possível observar visões diferentes acerca do clima, pela própria natureza do documento público como a pouca participação das temáticas relacionadas ao clima nas legislações municipais, e na experiência do sujeito, onde foi possível observar a partir das vivências, o impacto diferencial do clima, evocando sentimentos de sofrimento, preocupação, que nos permitem pensar processos de injustiça ambiental e do clima enquanto conceito relacional.