Como edificações podem ser construídas sobre a praia e ter autorização dos órgãos competentes? Em Tibau, município do Rio Grande do Norte, observou-se o avanço de construções sobre a faixa de praia e essa pesquisa teve por objetivo entender como isso acontece de forma autorizada pelos órgãos de controle. Tibau é um município costeiro em que a vilegiatura marítima é um fenômeno marcante, com o avanço da especulação e construção de condomínios a beira-mar. Na praia de Gado Bravo, que fica no setor mais a Leste, avança a construção de condomínios defrontantes ao mar, ao mesmo tempo, que o mar avança rapidamente nos últimos anos. Chegou-se a verificar dois condomínios ainda em construção que precisaram fazer gabiões e aterros para proteger as estruturas do avanço do mar. Mesmo nesses casos, as placas de autorização da Prefeitura de Tibau e do IDEMA estão postas e dentro da validade. Verificou-se que: os construtores ignoram o caráter erosivo da praia; o órgão que emite a licença ambiental ignora o caráter erosivo da praia, considerando os empreendimentos de baixo impacto e não exigindo estudos ambientais; A SPU não sabia e nem tinha registros dos empreendimentos sendo edificados em faixa de praia. Conclui-se que há uma negligência na autorização emitida para construções defrontantes ao mar, em que não se pedem estudos ambientais e nem há um diálogo entre os órgãos competentes.