A proposta deste artigo é dar visibilidade as trajetórias das mulheres na condução das duas principais festas católicas o Jiro do Reis e a Festa em louvor a São Sebastião na comunidade negra rural e quilombola do Mulungu, localizada no município de Boninal – Bahia. A participação e importância da figura feminina na referida comunidade é relevante para compreender como as práticas de sociabilidades dessas mulheres são essenciais na manutenção do saber ancestral e das tradições cultural e religiosa vivenciadas no cotidiano, no modo de ser e de pensar e, sobretudo, de suas lutas. Para tanto, cabe inicialmente recorrer as abordagens sobre o ‘lugar’ da mulher em diferentes contextos e tempos históricos por importantes autoras da historiografia como Michelle Perrot (1989); Maria Odila Dias (1995); Carmélia Miranda (2006); Pessoa de Castro (1990), Falci (2004); Pessoa (2005), dentre outras/os autoras/es. A pesquisa de cunho Etnográfico foi a escolha metodológica, uma vez que parece ser o caminho que melhor traduz a rotina diária e os eventos especiais que nos levam a uma compreensão das redes de significações entre a festa com o “modo de celebração” e de coletividade, as crenças, os modos de viver que são partilhados pelo sujeito e com seu grupo social. Percebe-se, portanto, que festejar, celebrar, comemorar recai, sobretudo, na reunião de pessoas as quais se juntam para um mesmo fim, em que o princípio da festa apropriadamente se constitui por diferentes caminhos ou olhares.