Esta produção audiovisual é resultado de uma experiência perceptiva na comunidade de Vila da Barca, em Belém do Pará. No decorrer da qual, foi possível captar a moldagem e a existência de uma paisagem intangível, intrincada às relações intersubjetivas dos moradores com as palafitas que se desenvolveram ao longo dos anos e deram forma ao cenário atual, nas proximidades do centro da capital paraense, às margens da Baía do Guajará, mais especificamente no bairro do Telégrafo. A narrativa abrange a percepção das fragilidades desse modo de morar, sujeito a problemas urbanísticos e a pressões de adequação a uma paisagem “ideal”, evidenciado pelo projeto que perdura desde 2003, com a instalação de um conjunto habitacional e de uma infraestrutura urbana contrastantes com a configuração original da comunidade, que remonta à sua ocupação por ribeirinhos migrados de municípios vizinhos. Diante disso, objetiva-se, por meio deste trabalho, apresentar a perspectiva do caminhar sobre as estivas da comunidade e a presença de uma paisagem subjetiva e intangível frente à modificação da paisagem concreta, buscando-se compreender a afetividade em torno dessa paisagem e sua resistência, em meio à constante incerteza do “morar”.