Um dos grandes desafios na Educação é o de desenvolver uma educação que leve em conta os sentidos. Infelizmente, a pedagogia que orienta a maior parte das práticas educacionais tem como fundamento a matriz racionalista, em que concebe o ser humano como ser pensante, marcado pelo modo lógico-matemático de se relacionar com o mundo e com os seus semelhantes. Este ensaio tem o objetivo de identificar, na história da educação brasileira, vivências e estratégias que foram feitas na perspectiva de uma pedagogia que levasse em consideração a corporeidade. Para confirmar nossa hipótese, iniciamos uma pesquisa bibliográfica, qualitativa, consultando obras importantes sobre o assunto que nos levassem a aprofundar o tema, tais como: Couto (1998), Buisson (1987), Fernandes (1964), Kuhlmann Jr. (2005) e Shelbauer (2006). Recorremos a autores brasileiros e estrangeiros, que nos permitiram refletir sobre a influência indígena, africana e europeia nas grandes mudanças da educação brasileira. Concluímos que, apesar de as propostas pedagógicas de matriz racionalista terem se conservado ao longo da história da educação brasileira, é possível identificar vivências indígenas, com as aprendizagens orais e integradas à natureza; afro-brasileiras, com associações à música, à religiosidade e à culinária, e pensadores europeus e norteamericanos, valorizando o sensível e a relação com a natureza, como Rousseau e Dewey, por exemplo, legados a serem valorizados.