O que uma turma de 7º ano (10 a 12 anos) pode dizer sobre si? Que potência a autoria de crianças e adolescentes em contexto de vulnerabilidade pode causar aos seus próprios futuros? Essas perguntas iniciais baseiam a investigação didática que origina esse relato de experiência. O exercício da cidadania está fortemente vinculado com a função social da escola (FREIRE, 1976), a escola é território dos saberes, equipamento social de acolhimento, escuta e ampliação das potencialidades, espaço da democracia (SAVIANI, 1983). Nesse sentido o incentivo a autonomia, a autoria, a falar de si, a ler o outro, a revisar o texto, é capaz de construir pontes fortes na base de leitores e escritores de um futuro que já é agora (ANTUNES, 2008). A subalternização e a representação por outrem não nos cabe mais, é preciso criar caminhos para que as classes menos favorecidas tenham o direito de falar (SPIVAK, 2010), de narrar sua própria história, inclusive crianças e adolescentes em contexto de vulnerabilidade. O contexto da Pandemia do Corona Vírus aprofundou as desigualdades sociais, em especial no que diz respeito a Educação Básica brasileira (ALVES, 2020), estimular o autoconhecimento é fundamental para a superação das dificuldades de se compreender e de socializar pensamentos, opiniões e experimentações. Esse trabalho é fruto da vivência teórica e prática a partir da atuação no Ensina Brasil, programa nacional de formação de lideranças na educação. Objetiva a publicação de um livro cartonero - artesanal - de autoria de crianças e adolescente de Igarassu - Pernambuco, o percurso metodológico perpassa pela produção textual do gênero autobiografia, com correção e reescrita, e do gênero autorretrato, onde buscou-se estimular a capacidade de autoria textual a partir das narrativas de si.