A investigação aqui feita tem como partida a escola em tempos de pandemia, o lugar que é pensado e estruturado para o processo de ensino e aprendizagem formal da nossa sociedade. O objetivo central é investigar o discurso presente em uma sequência discursiva do “Guia de implementação de protocolos de retorno das atividades presenciais nas escolas de educação básica” (BRASIL, 2020), publicado em 7 de outubro de 2020, sobre a escola pública e a função dos professores que nela atuam para a retomada das aulas presenciais. A sequência discursiva analisada se refere, simultaneamente, a escola e aos profissionais da educação. Como referencial teórico e metodológico optamos pelo uso da Análise do Discurso de origem francesa (AD), filiada a Michel Pechêux. A metodologia escolhida se dá pelo fato da Análise do Discurso trabalhar com sequências de enunciados que oferecem lugar de interpretação a partir de uma série linguisticamente descritível de pontos de deriva possíveis. Aqui observaremos que há duas condições para a produção do discurso presente no documento do Ministério da Educação, as condições amplas e restritas. As condições amplas se dão pela pandemia da COVID-19 e pela construção do discurso neoliberal de uma educação como mercadoria. Já as condições restritas são decorrentes das condições materiais, estruturais e de salubridades das escolas públicas, a forma como a pandemia da COVID-19 ocorreu no país e a formação docente. Observamos que há um discurso respaldando profissionais proativos e a mercantilização da educação através da homogeneização da escola e de profissionais polivalentes que estão preparados para lidar com todos os cenários por meio da proatividade.