Na pós-modernidade, contexto de inúmeros avanços na modernização tecnológica, nas instituições, nas relações interpessoais, no trabalho e fora dele e na globalização, sabe-se que a constituição da identidade profissional do/a professor/a permanece num continuum imaginário e dicotômico entre o que se espera e o que se tem, presente nos discursos legais, político-administrativos, dentre outros, e as impossibilidades verificadas na práxis docente (ideal/real). Discussões que levam em conta a formação de professores têm sido identicamente verificadas nos últimos tempos, sejam no contexto acadêmico ou fora dele. Este trabalho propõe apresentar quais discursos prévios concorrem à construção das identidades docentes de uma graduanda em Letras-Português, inserida no Programa Residência Pedagógica (PRP), tomando como referência um dos questionários aplicados no início da pesquisa. Para o tratamento dos dados nesta investigação de caráter qualitativo-interpretativista, proponho um entrelaçamento dos Estudos Culturais e a Análise do Discurso (AD) de linha francesa, haja vista tais áreas colocarem em xeque a noção de sujeito consciente, cartesiano, essencialista ou idêntico, justificando assim o “ser professor/a” como ser social, de identidades múltiplas, fragmentado e camaleônico, um ser do discurso. A partir das passagens dos enunciados tecidos pela residente, constatei a permanência de determinadas memórias discursivas (responsáveis pelos implícitos, os pré-construídos, elementos citados e relatados, discursos-transversos etc.) comumente associadas a quem é professor/a. Tal ocasião, quando associada ao processo histórico-evolutivo da formação docente, bem como pelo esperado na proposta do PRP em sua concepção, faz com que concebamos as identidades da residente em formação majoritariamente como estáticas, embora apresentem sinais de movimento/transição/rupturas.