VAZQUEZ, Renato Pazos et al.. Práticas de interculturalismo no processo de formação docente. Anais I CONEDU... Campina Grande: Realize Editora, 2014. Disponível em: <http://editorarealize.com.br/artigo/visualizar/7809>. Acesso em: 27/11/2024 23:28
Este trabalho objetiva apresentar como o interculturalismo crítico norteia as práticas pedagógicas de iniciação à docência desenvolvidas no Colégio Técnico da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (CTUR). Trata-se de uma proposta de trabalho coordenada pelos autores, que abarca discentes do curso de Letras (Português/Espanhol), e é aplicada em turmas da 3ª série do Ensino Médio do referido colégio a partir da experiência PIBID. Apoiando-nos na LDB (9.394/96), nas OCN (2006) nas DCN (2013) - documentos que orientam a educação brasileira e o ensino de espanhol como língua estrangeira - e em Paraquett (2010) e Walsh (2009) – no que tange às ponderações sobre interculturalidade – construímos nossas metas e ações realçando a inviabilidade de se ensinar uma língua estrangeira sem ser interferido pela cultura meta e sem reconhecer o valor da diversidade. Neste sentido, expomos uma proposta de atividade bimestral que dá ênfase aos processos de construção de sentidos produzidos por diferentes enunciados ancorados em um mesmo evento: a Guerra Civil Espanhola. Para tal, serão conjugados materiais como conto, produção cinematográfica, exposição em museu e cartazes propagandísticos da guerra. Destacamos diferentes possibilidades de enunciar dos variados textos aos quais os alunos foram postos em contato e, dessa forma, partimos de uma concepção de língua que ultrapassa os limites de regras gramaticais e/ou de listas de palavras para entender que uma formação em língua estrangeira dentro da escola deve atuar no intuito de formar leitores capazes de reconhecer no outro a si mesmo e, com isso, conseguir transformar sua realidade. Conforme frisa Walsh (2009:3), é preciso ir além da inclusão, do diálogo, da convivência e da tolerância. Cumpre posicionar-se criticamente a ponto de discutir assimetrias e de compreender o que realmente se enuncia ideologicamente, uma vez que a neutralidade discursiva inexiste. Interessa-nos, portanto, mostrar como, efetivamente, a sala de aula pode funcionar como um espaço de revisão sociopolítica, epistemológica e de ética a partir de propostas interculturais no ensino de espanhol como língua estrangeira, iniciativa tão relevante e essencial à formação de nossos licenciandos.