Artigo Anais VII ENALIC

ANAIS de Evento

ISSN: 2526-3234

CITADINOS À CIDADÃOS

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O projeto Citadinos à cidadãos, alfabetização e conquista dos direitos de vulneráveis socioambientais em Fortaleza, coordenado pela professora Dra. Alexsandra Maria Vieira Muniz, tem como colaborador o Laboratório de Estudos Agrários e Territoriais (LEAT), vinculado ao curso de Geografia da Universidade Federal do Ceará. Como objetivo, foi procurado proporcionar e participar do aprendizado das funcionárias que trabalham na Associação dos Catadores do Jangurussu (Ascajan), uma cooperativa de reciclagem situada no bairro Jangurussu, em parceria com o Movimento de Educação de Base (MEB) - instituição criada em 1961 para a educação de jovens, adultos e idosos que utiliza como expoente Paulo Freire e atua junto à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Antes do começo das aulas, foi ministrado um curso de capacitação pelo MEB na pastoral "Maria, Mãe da Igreja", em Fortaleza, que tratou de assuntos ligados às práticas de ensino de moradores de rua e recicladores, sendo dirigido por professores que já haviam passado pela experiência de alfabetização. Já no exercício da regência, foram trabalhados aprendizados nas áreas de matemática, de leitura, de escrita e de geografia com mulheres que estão na faixa etária de 40 a 70 anos de idade. Tentando superar o obstáculo do analfabetismo na fase adulta, elas também encontraram o entrave de residirem em uma das regionais de Fortaleza que é conhecida por ter um baixo IDH, especificamente 0,172 para o Jangurussu, a regional V, contando, além disso, com uma alta taxa de homicídios, de 31 mortes para o ano de 2017. Como metodologia usada para o decorrer desse projeto, foi usado o método paulofreiriano, que consiste no encadeamento de três etapas de execução. A priori, busca-se intercalar ao ensino palavras que compõem o cotidiano dos que estão aprendendo, usando-as como termos centrais do ensino. Seguidamente, é necessário tematizar esses termos, como forma de resgate do seu significado social, para que possa ser possível a noção daquilo que se vive. Por fim, é imposta a criticidade em cima do vivido, para que haja a sua transformação. Como apoio dessa metodologia, o MEB dispôs de um livro didático próprio para as atividades; no entanto, é importante destacar que como esse órgão não atuava em centros urbanos, mas apenas rurais, o seu conteúdo era voltado para outro contexto, o do campo, sendo necessário adaptações durante o percurso das aulas. Para que houvesse o pleno funcionamento das atividades, foi necessário realizar reuniões para planejar quais passos seriam dados de forma gradativa. Além disso, foi aplicado um teste de nivelamento após algumas aulas, pois nem todas as alunas seguiam um mesmo ritmo, umas já sabiam escrever o próprio nome, outras liam algumas palavras e outras não eram aptas a realizar nenhuma dessas tarefas. Por isso, elas eram separadas em ilhas para fazerem atividades diferenciadas para cada, contando sempre com o reforço de dois ou mais professores em sala, constituindo um trabalho em equipe. Com a transcorrência do projeto, foi possível observar várias mudanças no entorno da Ascajan, como a instalação da delegacia móvel e de alguns casos de homicídios, o que sempre gerava discussões com as alunas em vista da periculosidade do local. Diante disso, foi criada uma intimidade com elas, de modo que, por vezes, eram contadas histórias pessoais que, inclusive, se passaram no centro de reciclagem, pois muitas já possuem um grande tempo de serviço lá. Freire (1986) aponta esse fator ao afirmar que o educador deve escutar e dialogar com o educando, tendo a afetividade como componente da sua rotina. Como resultados do trabalho desenvolvido, foi possível ter a alfabetização das alunas, a introdução ao viés da matemática básica, ensinando-as operações básicas que são úteis em seu dia a dia, assim como também a compreensão por parte das mesmas da escrita, principalmente de palavras que se encontram presentes em seu trabalho. Além disso, notadamente no tocante ao conhecimento geográfico, foram aulas ministradas com conteúdos de cartografia, o que proporcionou a realização da alfabetização cartográfica, haja vista que as alunas viajam bastante para representar a associação em outros estados. Esse projeto de alfabetização desenvolvido com recicladores proporcionou um vasto crescimento profissional e intelectual dos graduandos que participaram, podendo exercer o arcabouço teórico construído na universidade, de forma a ultrapassar seus muros e compartilhá-lo com os mais diversos públicos. Palavras-chave: Alfabetização, Vulnerabilidade, Educação, Recicladores. Referências: G1. Bom Jardim e Jangurussu são os bairros de Fortaleza onde mais jovens são assassinados. Disponível em: . Acesso em: 28 ago. 2018. PREFEITURA DE FORTALEZA. Prefeitura apresenta estudo sobre Desenvolvimento Humano por bairro. Disponível em: . Acesso em: 28 ago. 2018. FREIRE, Paulo. Educação como prática da liberdade. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1967. FREIRE, Paulo. Extensão ou comunicação. 4.ed, Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1986. "
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Publicado em 03 de dezembro de 2018

Resumo

Citadinos à cidadãos, alfabetização e conquista dos direitos de vulneráveis socioambientais em Fortaleza Pedro Guilherme Ribeiro Lima[1]/pedroguilherme.rl@gmail.com/Universidade Federal do Ceará Weyner Bezerra Leite[2]/Universidade Federal do Ceará Karolayne Araújo Coelho[3]/Universidade Federal do Ceará Bianca Maria da Silva Pitombeira[4]/Universidade Federal do Ceará Dra. Alexsandra Maria Vieira Muniz[5]/Universidade Federal do Ceará Eixo Temático: Alfabetização e Letramentos Resumo O analfabetismo foi consolidado como um dos problemas que o Brasil sempre visou a mitigar e zerar índices. É comum haver, dentro desse contexto, pessoas que moram nas zonas periféricas de uma cidade, neste caso Fortaleza, que são analfabetas. Constitui-se, assim, um grau de vulnerabilidade no que tange seus direitos como cidadãos, em especial quando estas exercem atividades vistas preconceituosamente à margem da sociedade, como é o caso da reciclagem de resíduos sólidos. 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