OLIVEIRA, Wilka Lima De. O vocabulário do maracatu rural: um estudo sociolinguístico.. Anais V CONEDU... Campina Grande: Realize Editora, 2018. Disponível em: <http://editorarealize.com.br/artigo/visualizar/48400>. Acesso em: 22/11/2024 04:04
A proposta de pesquisa tem como objetivo levantar e analisar o vocabulário específico utilizado pelos integrantes dos grupos de Maracatu Rural presentes na Zona da Mata Norte de Pernambuco, mais especificamente na cidade de Nazaré da Mata, com vistas para a identificação das origens e interações dessa manifestação folclórica. Vocabulário utilizado para denominar objetos, personagens, coreografia, entre outros elementos que fazem parte dessa manifestação cultural. A magnitude do estudo está em compreender de forma mais ampla e profunda as origens e as dinâmicas socioculturais que permeiam essa manifestação, como também as interações e representações que produzem em meio à sociedade. O que seria o Maracatu? Maracatu é denominado como uma dança folclórica de origem índio-afro-brasileira, oriunda do estado de Pernambuco surgindo por volta do século XVIII, a partir da junção musical das culturas indígenas, africanas e portuguesas. Os maracatus dançam ao som dos seguintes instrumentos musicais: zabumba, tarol e ganzás e as danças são caracterizadas por coreografias específicas, similares às danças de candomblé. A representação é feita fantasiando personagens históricos (rainhas, reis, embaixadores). Os grupos de Maracatu se dividem em dois tipos: o Maracatu Nação, conhecido como maracatu do baque virado e o Maracatu Rural, também conhecido como maracatu do baque solto. O Maracatu rural, tem início no século XIX, nos canaviais da Zona da Mata Norte de Pernambuco. Em nossa pesquisa, optamos investigar o Maracatu Rural por estar associado ao ciclo canavieiro da Zona da Mata pernambucana, mais precisamente na cidade de Nazaré da Mata, onde está localizado o campus Mata Norte da Universidade de Pernambuco – UPE, na qual somos professora e aluna, desta maneira, sendo possível uma aproximação mais intensa com o grupo para as devidas entrevistas e levantamento do material de análise. Uma das maneiras mais incrementadas de explicar essa importante manifestação local (Pernambuco), é estudar a linguagem que a ela está atrelada. Os estudos históricos apontam para três possíveis origens: a dos escravos, a da cultura indígena e a do colonizador. O fato é que, tanto a dança e a indumentária, a linguagem – o vocabulário utilizado para nomear os movimentos, objetos, postos dos participantes e até mesmo internos que apenas membros do grupo são capazes de decodificar – está integralmente marcada pela origem e ideologia de tal manifestação. Se tratando a língua de um fenômeno social que permeia as relações entre os indivíduos e seus grupos, é possível a partir dos estudos linguísticos o papel de investigar os fatos sociais e por meios de mudanças linguísticas. O caráter variável da língua demonstra, por exemplo, que uma palavra pode ser utilizada em determinados contextos e não em outros, dependendo da expectativa do grupo. Ou uma mesma palavra pode ser dita de diversas formas, variando de acordo com a intenção e conhecimento do falante sobre o sentido e a forma daquele vocábulo, como por exemplo a Catirina, palavra usada no Maracatu que é uma variante de Catarina.