Este trabalho apresenta uma discussão em torno da educação de idosos no contexto socioeducacional brasileiro inspirada no diálogo com a Educação Popular (EP) e a Educação de Jovens e Adultos (EJA), enfocando o silenciamento das práticas alfabetizadoras destinadas a este crescente segmento populacional na contemporaneidade. Nesse traçado discursivo percebe-se a necessidade emergencial das instâncias sociais se engajarem em múltiplas ações educacionais direcionadas a esta faixa etária, sobretudo quanto aos usos simultâneos da língua oral/escrita com vistas à superação de preconceitos sociolinguísticos enfrentados por idosos/as que não dominam as habilidades básicas da leitura/escrita e da fala em interação social. Tal discussão funda-se nos estudos teórico-metodológicos da Educação Gerontológica e Gerontagógica (NERI&CACHIONI, 1999; PALMA&CACHIONI, 2002; CACHIONI, 2003), da Educação ao longo da vida (LONGWORTH, 2005) e da relação dialógica educador-educando (FREIRE, 1987) e da historicização da Educação Popular (PAIVA, 2002). Mediante as discussões constata-se o silenciamento das práticas educativas de alfabetização para idosos, mas com o avançar da disseminação de Políticas Públicas Educacionais e demandas da educação ao longo da vida percebe-se que a Educação para os Idosos ganha atenção especial em textos oficiais (IV CONFINTEA; Estatuto do Idoso) e vários estudos acadêmico-científicos que reconhecem as múltiplas aprendizagens sócio-culturais (ALHEIT&DAUSIEN, 2007; KACHAR, 2001), adquiridas em todas as “idades” da vida (ARIÉS, 1981), ou nas diferentes idades “bio-psico-sócio-culturais” do desenvolvimento humano (LAHUD, 2004). Esta perspectiva é potencializada com estudos advindos da Educação Gerontológica e Gerontagógica que defendem a capacidade de o ser humano continuar aprendendo desde a concepção até a morte, a exemplo da capacidade de aprender a “conviver” consigo e com os outros no entorno sócio-familiar-intergeracional através do diálogo interacional (DELORS, 2003).