Nas últimas décadas tem ocorrido um aumento no número de casos de HIV/AIDS em pessoas acima de 60 anos. E esse diagnóstico na maturidade e na velhice, geralmente, é detectado tardiamente, existindo entre alguns profissionais de saúde a falsa crença de que esta doença, dificilmente, ocorrerá nessa fase da vida, por acreditarem na inexistência de uma vida sexualmente ativa nessa população. A melhora na qualidade da vida sexual na velhice não é acompanhada por igual política de saúde de prevenção, bem como de uma melhor compreensão do próprio processo de envelhecimento. Nesse contexto, as campanhas de prevenção contra o HIV/AIDS, na maioria das vezes ainda são dirigidas aos adolescentes e adultos jovens, o que demonstra lacunas nas políticas públicas de saúde existentes. O presente relato tem como objetivo descrever um conjunto de ações pedagógicas direcionadas à prevenção do HIV/AIDS em idosos, em práticas realizadas em uma Unidade da Estratégia de Saúde da Família, localizado no Bairro Casas Populares da cidade de Cajazeiras - PB. Trata-se de um relato de experiência desenvolvido quinzenalmente no período de Agosto a Outubro de 2012, durante as práticas curriculares sobre a atenção a saúde do idoso. Procurou-se estabelecer um processo de educação em saúde, através de rodas de conversa com uma média de 15 idosos participantes em cada encontro. A partir das rodas de conversa foi possível estabelecer uma rede de troca de experiências, que possibilitaram um grau de participação ativa dos idosos, proporcionando a socialização de informações e ampliando o conhecimento e o empoderamento acerca de temas como livre expressão da sua intimidade, vivência subjetiva do seu corpo, exercício da sexualidade, vulnerabilidade ao HIV/AIDS, saúde e prevenção. As rodas de conversa se constituíram em atos pedagógicos com dimensão interventiva, estimulando a troca de saberes e o desenvolvimento de estratégias criativas para a prevenção da saúde, por meio do engajamento e participação social dos idosos. O valor dessas conversas residiu na possibilidade de problematização de temáticas vinculadas à promoção da saúde, socialização das informações, produção da comunicação a partir das necessidades sociais, epidemiológicas e demandas locais, orientações em saúde - no campo da prevenção e tratamento, considerando práticas terapêuticas formais e informais (saber popular), reconhecimento de estratégias e tecnologias em saúde construídas de modo compartilhado. Observou-se que muitos idosos ainda não tinham conhecimento suficiente sobre o HIV/AIDS, suas formas de contágio e prevenção. Percebeu-se ainda que essa doença ainda está muito atrelada a mitos no imaginário de saúde desses indivíduos. Assim, é preciso repensar as práticas de prevenção e promoção da saúde com idosos, de modo a estabelecer uma interação comunicacional, em que pessoas de saberes diferentes, porém não hierarquizados, se relacionam a partir de interesses comuns, já que esses idosos convivem em situações de interação e cooperação que inclui o relacionamento entre pessoas ou grupos com experiências diversas, interesses, desejos e motivações coletivas. Essas atividades contribuíram para a adoção de práticas preventivas, que podem minimizar os riscos da doença e melhorar a assistência à saúde da população idosa.