Gênero refere-se às diferenças socialmente construídas nas relações e interações sociais entre os sexos feminino e masculino. Essas diferenças são percebidas nos variados contextos e vivências, sendo o espaço rural do semiárido baiano o enfoque do presente estudo. Historicamente o papel das mulheres na agricultura familiar é voltado às necessidades de reprodução social de famílias, em contraposição ao papel produtivo dos homens, naturalizando o que é o trabalho de mulher e de homem numa propriedade agrícola familiar. Refletir e elaborar estratégias de novas formas de convivência com o semiárido envolve considerar as questões pertinentes às relações de gênero e para tal utilizou-se de uma das ferramentas do Diagnóstico Rural Participativo (DRP) para construir junto à juventude rural do Território do Sisal (BA) conhecimentos sobre a divisão sexual do trabalho, invisibilidade e desvalorização do trabalho feminino. O diagnóstico foi realizado por 27 jovens estudantes com seus familiares, no mês de setembro de 2016. A análise das atividades diárias dos homens e mulheres participantes da pesquisa demonstrou que apesar do destaque atual nos estudos e movimentos de gênero, no âmbito privado do universo estudado pouco se avançou, evidenciado a permanência dos moldes patriarcais na divisão do trabalho, explícito na execução do trabalho doméstico, na menor inserção das mulheres analisadas no espaço de trabalho público e no pouco envolvimento dessas com as atividades produtivas do campo. Conclui-se então que é preciso criar estratégias que promovam relações sociais igualitárias, contrapondo-se à naturalização da situação de opressão e tornando visível o trabalho desenvolvido pelas mulheres.