O acidente vascular cerebral (AVC) é uma doença crônica que representa a terceira maior causa de morte nos países desenvolvidos e está associado a um alto risco de incapacidades físicas, déficits neuropsicológicos e desordens emocionais. No que diz respeito à depressão, esta é um dos principais fatores de risco no processo de envelhecimento humano, sendo considerada um fator de interferência na qualidade de vida e na vulnerabilidade a algumas patologias, como AVCs e demências. Assim, tanto a depressão se constitui como um fator de risco para o AVC, quanto ela pode ocorrer após o AVC. Assim, este trabalho objetivou verificar a ocorrência de sintomas depressivos em idosos que apresentaram AVC, comparando um grupo de idosos que não apresentam esta condição crônica. Para isso, foi realizado um estudo caso-controle, com idosos com idade superior a 60 anos, escolhidos aleatoriamente, cujo grupo caso possuía 30 idosos que apresentavam AVC em fase crônica; e o grupo controle iguais 30 idosos que não apresentavam a condição de saúde supracitada. Os dados foram obtidos através da utilização de um questionário estruturado e da Escala de Depressão Geriátrica em versão reduzida de Yesavage (GDS-15). Observou-se que, no grupo caso, 60% dos idosos são do gênero feminino, com idade média de 72 anos (DP=6). Quanto à renda familiar, 83% da amostra possui entre 1 e 3 salários-mínimos, os quais sustentam 37% de domicílios com mais de uma geração e 33% com mais de duas gerações. No que diz respeito à escala de depressão aplicada a este grupo, obteve-se o escore médio de 5,7±3,3, o que indica um quadro depressivo leve. No grupo controle, 73% dos participantes são do gênero feminino e a média da idade é de 71 anos (DP=7). Na amostra, 77% tem renda familiar de 1 a 3 salários mínimos, sustentando 34% domicílios com duas gerações. E quanto à escala de depressão, obteve-se o escore médio de 4,0±3,3, o que indica a ausência de um quadro depressivo. Identificou-se um maior número de mulheres nos dois grupos estudados, confirmando a tendência apresentada em outros estudos brasileiros, e a idade média encontrada nos grupos está um pouco acima da faixa etária mais comumente observada nos estudos brasileiros. Acrescenta-se ainda que a maioria dos idosos de ambos os grupos reside em domicílios multigeracionais, o que indica uma maior afetividade e auxílio recebidos por esses idosos. Acredita-se que o padrão de depressão leve do referido grupo pode estar sendo influenciado positivamente pelo apoio familiar, considerado um importante fator de proteção e de enfrentamento, mesmo vivenciando as mudanças e alterações inerentes ao processo de envelhecimento. Foi possível identificar sintomas depressivos no grupo caso, embora de natureza leve, enquanto o grupo controle não apresentou sintomas depressivos ou estes foram menos intensos que no grupo caso, o que sugere que o AVC pode ser um indicador da ocorrência dos sintomas depressivos. Deve-se, portanto, voltar a atenção à presença desses sintomas depressivos pós-AVC, pois podem sinalizar o desencadear do transtorno depressivo, que é considerado um risco para o tratamento do AVC.