As necessidades de saúde dos idosos requerem atenção específica que podem ao mesmo tempo contribuir para a redução de co-morbidades e proporcionar melhores condições de vida a essa população. Mas para tanto deve ter como cerne a intervenção educativa em detrimento do modelo biomédico, à medida que cria circunstâncias favoráveis às reflexões sobre saúde, práticas do cuidado e mudanças de comportamento potencialmente prejudiciais à saúde. Trata-se de um relato de experiência vivenciado por residentes multiprofissionais que empregaram a visita domiciliar como ferramenta de promoção da saúde junto à população idosa adscrita a uma Unidade Básica de Saúde de Teresina- PI. A partir de reuniões realizadas com as Equipes de Saúde da Família foi feito o levantamento da demanda; a abordagem às famílias nas residências com a primeira visita acompanhada pelo Agente Comunitário de Saúde; identificação das necessidades de saúde dos idosos; elaboração de um plano multiprofissional de cuidados no campo da prevenção e da promoção à saúde da pessoa idosa. Ao adentrar uma residência o profissional de saúde se aproxima da realidade vivida pelas famílias, nessa perspectiva a visita domiciliar favorece a formação de vínculo entre os sujeitos do processo de cuidar, ao passo que fornece subsídios para um diagnóstico mais fidedigno da situação de saúde do idoso, a qual nem sempre tem como ponto de partida a doença ou o próprio processo de envelhecimento. Alguns aspectos puderam ser captados ao longo das visitas: falta de conhecimentos básicos de saúde; necessidade de esclarecimento sobre o diagnóstico e/ou prognóstico do idoso; violência ao idoso, sob o prisma da negligência. A proposta das visitas domiciliares pretendeu, pois, priorizar orientações voltadas a idosos e seus cuidadores sobre higiene pessoal, prevenção de quedas, nutrição do idoso, alteração na comunicação, manuseio de medicamentos, primeiros socorros, demência e problemas de memória. A partir da realidade encontrada no ambiente familiar, e valorizando o saber popular como instrumento metodológico fundamental para a transformação do cuidado, construiu-se em parceria com os sujeitos métodos terapêuticos e de readaptação aos problemas de saúde. A questão social exerceu forte influência nesse processo de construção do cuidado junto às famílias, pois a comunidade em sua maioria é representada por indivíduos com baixas condições socioeconômicas. No que tange à violência ao idoso, recorreu-se às redes de apoio e de suporte social ao idoso ainda que não tenham respondido a contento. Desse modo observou-se que a visita domiciliar enquanto instrumento pedagógico propicia a construção de habilidades e competências necessárias ao cuidado do idoso no domicílio. A educação em saúde é, portanto, uma troca em que imperam a co-responsabilização dos sujeitos envolvidos, a valorização da subjetividade e a criação de vínculo.