Esta pesquisa problematiza como a Política Nacional de Educação Infantil orientada pelo Ministério da Educação (MEC), no Brasil, é implementada pelos municípios, discutindo a relação intergovernamental. Trata-se de uma investigação de viés narrativo-interpretativo, resultado da prática profissional exercida no âmbito da secretaria Municipal de Educação de São Luís-Maranhão. Nos últimos anos, pesquisas, programas e projetos foram propostos pelo MEC para expandir e ressignificar esse direito educacional, estendendo o atendimento à Educação Infantil e adoção de metodologias adequadas para essa faixa etária, assim como a ampliando o número de professores com formação específica em Educação Infantil. Todavia, os sistemas municipais gozam de autonomia para execução de suas responsabilidades e é assegurada legalmente às escolas a autonomia pedagógica, administrativa e financeira para auto organização das práticas pedagógicas e definição das estratégias de implementação das políticas públicas educacionais ofertadas aos sistemas de ensino pelo MEC. Em meio às discussões sobre o regime de colaboração e sobre a autonomia da gestão da escola tem-se a invisibilidade das peculiaridades locais. Buscou-se apreender as relações de poder entre as esferas políticas e o gestor da política de Educação Infantil em âmbito municipal, considerando ainda uma reflexão acerca do exercício da gestão, das relações de poder e do fazer educacional.
A compreensão do processo de construção política e epistemológica da Educação Infantil brasileira durante os dois mandatos do governo Lula da Silva (2003 – 2010), relacionando-o ao contexto da política de Educação Infantil na cidade de São Luís-MA-Brasil serviu como elemento mediador do relato de experiência aqui apresentado, e, nesse constante processo reflexivo sobre o vivido, as autoras Pillotto e Voigt (2015), que abordam um aspecto teórico diferenciado ao exercício da gestão educacional, a importância do “conhecimento sensível” dão o tom do referencial teórico para o relato. A experiência de trabalho na Secretaria de Educação e, especialmente, na Superintendência de Educação Infantil de São Luís nos deixa com conclusões ainda em construção, uma vez que deslocou-nos do nosso eixo de percepção, nos levando a ponderar e refletir o exercício da gestão, das relações de poder e do fazer educacional por uma ótica até então desconhecida. Tais reflexões nos fazem ressaltar que a educação das crianças pequenas em espaços públicos e coletivos continua sendo uma construção social e política, edificada cotidianamente, que precisa ser realizada nos diferentes espaços, âmbitos e, por diferentes agentes, nos quais nos propomos a continuar pesquisando e contribuindo por meio do trabalho técnico, afetivo e intelectual.