Começamos com este diálogo refletindo sobre as religiões enquanto culturalmente produzidas pela humanidade, em distintas formas de vivenciar e experimentar o sagrado. Introduzimos nesse pensamento, a ideia de complexidade do fenômeno religioso enquanto possibilidade para reler as formas multifacetadas que se apresentam através desse fenômeno. Abordamos o processo de colonização que de forma violenta, através da colonialidade, forçou os povos originários a negar suas tradições religiosas, assim, substituindo-as pelo cristianismo do colonizador, de modo que foram forçados a vivenciar sua experiência com o sagrado de maneira conflituosa e desigual. Em seguida, analisamos como a opção descolonial contribui de forma significativa para pensarmos de que modo seria possível refletir sobre um ensino religioso pautado no reconhecimento e diálogo entre as diferenças. O artigo apresenta ideias sobre a compreensão de mundo a partir da visão pós-colonial, partindo do pressuposto de que não há uma verdade universal, nem uma história ou saber único, mas saberes construídos em diferentes tempos e espaços e que foram ressignificados a partir de determinadas visões de mundo. E por fim, relacionando esse entendimento para pensar um ensino religioso baseado numa abertura ao diálogo, apresentando as contribuições do pensamento complexo juntamente com o pensamento pós-abissal, para entender que a realidade não é dual e binária, mas plural e multifacetada, abrindo possibilidades para que o entendimento do fenômeno religioso seja observado de maneira transdisciplinar para que assim sejam fortalecidos os laços de solidariedade entre os seres humanos, sua experiência com o sagrado, sabendo-se, que se trata de um desafio permanente.