RESUMO: O aumento na sobrevida das pessoas soropositivas resultante dos avanços científicos referentes ao diagnóstico e, sobretudo, ao tratamento medicamentoso, propiciou à epidemia do HIV/Aids um caráter de cronicidade. Como tendência resultante destas mudanças, observa-se a frequente formação de casais sorodiferentes para o HIV/Aids, ocasionando novos desafios para o campo da saúde e do cuidado, especialmente, ao que tange à pratica do sexo seguro. Este artigo busca analisar situações de vulnerabilidades em saúde em casais sorodiferentes para o HIV/Aids. Participaram 36 pessoas em relacionamento heterossexual e sorodiferente. Utilizou-se um questionário sociodemográfico e clínico e entrevista semi-estruturada, analisados, por estatísticas descritivas e Análise Categorial Temática. Os resultados mostraram que as principais dificuldades enfrentadas pelos casais perpassam questões de gênero e crenças sobre o preservativo relativas ao não uso ou a não sistematização do uso de tal insumo. Também foi observado falta de maiores informações sobre sorodiferença. Nas análises das entrevistas emergiram três classes: a) Descoberta do Diagnóstico, b) Cotidiano do Casamento e c) Prevenção. Apesar dos avanços no cuidado e no viver com o HIV/Aids, ainda é possível encontrar aspectos de vulnerabilidades provenientes de lacunas informativas ou de crenças socialmente construídas em torno da doença. Para os casais sorodiferentes, verifica-se a necessidade de políticas e cuidados que garantam o direito dessa população de vivenciar suas escolhas de maneira digna e segura.
Palavras-chave: HIV/Aids, sorodiferença, vulnerabilidades.