Observa-se que o aumento da expectativa de vida associado ao declínio das taxas de fertilidade, tem resultado no aumento da proporção de pessoas com mais de 60 anos.No Brasil, de acordo com o último Censo realizado, a proporção da população idosa passou de 9,1% para 11,3%. Dessa forma, o envelhecimento populacional consiste em um dos grandes desafios da saúde pública, observando que, à medida que a pessoa envelhece, maiores são as chances de desenvolver ou contrair uma doença crônica.
O envelhecimento é um dos fatores que leva ao aumento da incidência de câncer, visto que, há alterações fisiológicas e moleculares inerentes ao processo de envelhecimento. Dentre os sintomas que abrangem o quadro clínico do paciente oncológico, a dor é frequente. A IASP (International Association for Study of Pain) define a dor como uma experiência subjetiva desagradável, sensitiva e emocional, associada com lesão real ou potencial dos tecidos ou descrita em termos dessa lesão. Cerca de 80% dos pacientes com câncer experimentam algum tipo de sensação dolorosa.
A prevalência de dor aumenta à medida que a doença progride, cerca de 30% dos pacientes em tratamento sofrem com dor moderada ou intensa. Esse número aumenta para 60% a 90% em pacientes com câncer avançado. Verifica-se, assim, a importância de uma farmacoterapia adequada para o tratamento paliativo desses pacientes, visando o controle desse sintoma e, consequentemente o bem estar do individuo. Uma das alternativas apresentadas para o combate da dor é o tratamento farmacológico que consiste basicamente no uso de analgésicos, opioides e não opioides e adjuvantes.
Teve-se, dessa forma, como objetivo do trabalho, a análise da farmacoterapia empregada para controle da dor em pacientes oncológicos hospitalizados na Fundação Assistencial da Paraíba (FAP), em Campina Grande – PB. A pesquisa foi desenvolvida através de uma abordagem transversal e quantitativa em pacientes hospitalizados na Clínica Oncológica da FAP, constituída por uma amostra de 29 pacientes que possuíam idade igual ou superior a 60 anos e que durante a internação fizeram uso de analgésico. Como instrumento para coleta de dados, utilizou-se um formulário farmacoterapêutico elaborado para o estudo, o qual teve seu início em Outubro de 2014. A pesquisa continua em andamento, e os dados aqui apresentados são referentes até o mês de Julho de 2015. A amostra foi composta por 17 mulheres e 12 homens, que correspondem a 58,6% e 41,4% respectivamente. Os analgésicos utilizados no controle da dor foram, dipirona sódica, tramadol, morfina, paracetamol e tylex®. As associações mais frequentes foram, dipirona e morfina, seguida de dipirona e tramadol, e, foram prescritas conforme a escada para alívio da dor oncológica desenvolvida pela Organização Mundial da Saúde - OMS. As classes de adjuvantes mais utilizadas foram os corticosteroides, anticonvulsivantes e antidepressivos. Dos 29 pacientes da amostra, 10 tiveram a dor como o principal, ou um dos principais motivos para internação. Após a administração dos medicamentos, 2 pacientes relataram que ainda sentiam dor.O tratamento com base nas diretrizes da escada da dor é eficaz em 80 a 90% dos casos.